A justa medida da vida

Platão via a virtude como harmonia, a busca de um equilíbrio que mantivesse a alma em ordem. Aristóteles, seu aluno, levou essa ideia adiante e chamou de justa medida: não é a ausência de prazer, mas a sabedoria de não se perder nele. É o exercício de caminhar entre o excesso e a falta, como quem aprende a dançar no compasso certo da vida.

Esse princípio vale para tudo: o trabalho que nos nutre, mas também cansa; o descanso que renova, mas pode se tornar fuga; o afeto que aquece, mas sufoca quando em demasia. E, talvez mais do que em qualquer outra esfera, é na alimentação que essa lição se revela. Quando se come demais, o corpo se torna pesado; quando se come de menos, a vida perde força. Controlar em excesso sufoca, deixar ao acaso desgasta.

Encontrar a justa medida é uma arte cotidiana. É como afinar um instrumento: exige atenção, paciência e escuta. Escutar o corpo, que pede alimento e pausa. Escutar as emoções, que às vezes pedem doçura, outras vezes leveza. Escutar a vida, que nos lembra que saúde não é rigidez, mas fluxo — não é ausência, mas presença.

Talvez seja isso o que Platão e Aristóteles tentavam nos dizer: que o segredo de viver bem está no meio do caminho. A justa medida não mora nos extremos, mas no espaço delicado em que corpo, mente e espírito se encontram. É nesse ponto que o prato deixa de ser apenas comida e se torna também poesia, cuidado e celebração da vida.


Começo aqui um caminho que não busca fórmulas prontas, mas o equilíbrio possível de cada dia — e convido você a caminhar comigo

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